Este post é sobre ele, que tira o sono de toda futura au
pair: o abominável visto! Que medo que dá de não conseguir esse abençoado!
Nossa senhora... imagina só? Depois de tudo o que passei, só me faltava ter
esse infeliz do visto negado... aí eu morro de vez!
Calma, meninas!! Claro que sempre existe a chance de o visto
ser negado, mas fazendo as coisas certinhas a gente reduz muito essa
possibilidade. É fácil falar quando não se está mais na situação, né? Mas o
objetivo aqui é tranquilizá-las um pouquinho só contando os meus preparativos e
a minha experiência.
Já não bastava eu ser uma pessoa super insegura, daquelas que
mesmo seguindo todos os passos certinhos, sempre acha que pode ter feito algo
errado, peguei o período de transição do processo para obtenção do visto!
Maravilha! Agendei o visto antes de 30/04 para o dia 11/05. Pensei cá comigo que
seria tudo conforme o processo antigo, que estava explicadinho em tudo quanto é
lugar, certo? Errado! Recebo logo depois um e-mail informando que o meu
agendamento no CASV foi feito automaticamente e eu deveria comparecer lá um dia
antes do V-Day no mesmo horário. Resultado: pânico total... Não tinha idéia do
que levar nesse CASV, do que encontraria por lá etc. Então, agora vou falar um
pouco sobre o que aconteceu comigo para que vcs possam juntar essas informações
às de outras meninas e formar suas próprias colchas de retalhos.
Primeiro, vou falar os docs que levei e depois conto como
foi no dia e tento reproduzir a entrevista.
Básicos requeridos:
*Só foram pedidos no consulado.
** Não foi pedida em nenhum lugar.
IMPORTANTE: Teve um menino que não conseguiu fazer a entrevista no consulado porque ele estava apenas com o agendamento do CASV e não com o do Consulado. Achei uó ninguém no CASV ter informado o pobre coitado, mas enfim... Certifiquem-se de que estão em posse de ambos os agendamentos nos 2 lugares.
Pessoais e de membros da família:
RG original;
CPF original;
Certidão de nascimento original;
RG do pai e da mãe (cópias);
Última conta de telefone.
Para comprovar renda e posse de bens:
Carteira de trabalho original;
3 últimos holerites originais;
Extrato bancário dos 3 últimos meses;
Última declaração de Imposto de Renda;
Carteira de trabalho original - pai;
3 últimos holerites originais - pai;
Extrato bancário dos 3 últimos meses - pai;
Última declaração de Imposto de Renda - pai;
Cópia do documento do carro - pai.
Como eu era meu próprio sponsor, levei todos os meus docs, mas levei os do meu pai também para provar que tinha alguém pra me dar um help caso ficasse em apuros financeiramente.
Se tiver imóvel próprio, leve a escritura, assim como, se possuir qualquer outro bem, leve o documento que comprove.
Para comprovar vínculos:
Diploma da Graduação original;
Certificado de Conclusão da Graduação original;
Histórico Escolar da Graduação original;
Carta de referência assinada por uma professora da faculdade, declarando que eu tinha excelente desempenho acadêmico e que me apoia no meu objetivo de fazer mestrado;
Carta de referência de uma colega de trabalho declarando que a experiência no exterior é muito importante para a minha carreira;
Carta da Host Family puxando meu saco total.
Se você ainda não concluiu a faculdade, solicite uma declaração de que você cursou até o ano tal e foi aprovada para o ano seguinte, aí se o cônsul perguntar se vc estuda já fala logo que cursou tantos anos, mas trancou para ser au pair.
No CASV
Fui de metrô. Encontrei a Jé (Jéssica Fávaro Risso do grupo Au Pair - APIA do Face) na estação Tamanduateí às 5h da manhã e fomos juntas. Descemos na estação Praça da Árvore, que é a mais próxima do CASV Vila Mariana. Andamos pra c****** e chegamos lá por volta de 6h15. Havia poucas pessoas lá e ficamos conversando, trocando informações até abrir o lugar bendito.
Enfim, às 7h, o CASV abriu e chamaram as pessoas dos horários de 7h às 7h30 para formar uma fila do lado oposto. Aí virou uma zona, um monte de gente foi se enfiando na frente... ah tá, fiquei p*** da vida e fui lá pro começo, atrás de um menino que de fato estava na minha frente (aquele que não pôde ser entrevistado no consulado por não estar com o comprovante). Um senhorinha veio me "avisar" que tinha uma fila e eu falei com todas as letras e a boa educação que meus pais me deram que eu estava atrás daquele rapazinho na fila original... Ela calou a boquinha pq sabia bem que ela é que estava dando de esperta...
Entrei, e lá na área externa mesmo solicitaram meus docs (comprovante de agendamento, comprovante do DS160 e passaporte). Mostrei, a mocinha grampeou e eu fui para a entrada. O moço passou o detector de metais pelo meu corpitcho e me liberou. Entrei numa filinha, a moça conferiu meus docs e me encaminhou para uma fila no balcão. Lá, a atendente pegou meus docs, perguntou se era primeiro visto e me encaminhou para o andar superior. Subi e lá tinha uma fila para os guichês. Fui direcionada ao guichê 14, onde o mocinho pegou meus docs, digitou, me perguntou meu nome completo e data de nascimento, digitou de novo, pediu para eu prender o cabelo, tirou uma foto (aí a foto estava saindo desfocada e ele teve que tirar várias, mas tudo bem) e tirou minhas digitais. Feito isso, carimbou meu papel de agendamento e me entregou dizendo que deveria comparecer ao consulado na data já agendada. Aí saí de lá e fiquei esperando a Jé, que estava agendada para 8h. Ela saiu rapidinho e conseguimos carona com a moça que conversamos na fila (Yes!).
No Consulado
Fui de carona com o pai da Jé (caroninha providencial essa, viu?). Nos encontramos na Goiás, em SCS, às 4h10 e fomos embora. Nos perdemos um pouco, eu não conseguia fazer o maldito GPS programar a rota, mas o pai da Jé foi pedindo informações e conseguiu chegar lá. Vimos que realmente fica +ou- perto da estação Morumbi de trem.
Chegamos por volta de 5h30 e não tinha ninguém! Logo chegou aquele mocinho que estava na minha frente no CASV e depois não conseguiu ser entrevistado no consulado. Ficamos lá um bom tempo, aí por volta das 7h o pessoal mal humorado do consulado mandou formar 2 filas: das 7h às 7h30 perto do portão e das 8h em diante ao lado, próximos ao fim da calçada (tchau Jé, de novo). Uma menina e a mãe que tínhamos conhecido no CASV se achegaram e ficaram no lugar da Jé, logo na minha frente (sortudas!).
Entrei, dei meu nome para o carinha que confere na relação de agendamentos, mostrei meus docs e ele colou um papel laranja. Aí, uma mulher mandou colocar todos os docs na pasta e tirar o casaco. Aí, entrei por uma portinha e tinha um equipamento igual ao de aeroporto: coloquei minha pastinha na esteira, passei naquele portal detector de metais, peguei minha pasta no fim da esteira e saí daquela salinha. Aí fui andando seguindo o fluxo até chegar num balcão, onde mostrei meus docs (passaporte, comprovante de agendamento, comprovante do DS160, DS2019 e SEVIS) e a mocinha me deu uma senha. Sentei no banquinho e minha senha logo foi chamada. Fui ao guichê indicado e um cara me perguntou meu nome (em português com o maior sotaque americano). Me entregou meus docs e me encaminhou para o guichê das digitais. Coloquei uma mão só e já fui mandada para a fila da entrevista.
Tinham só umas 3 pessoas na minha frente! Ai que medo! Aí quando a última pessoa da minha frente foi ser entrevistada (na verdade, era um casal), eu tive que ficar logo atrás deles... situação chata, pq vc consegue ouvir toda a entrevista das pessoas. Ok, o visto deles foi concedido e chegou a minha vez! Graças a Deus e a todos os santos (em especial Nossa Senhora Aparecida, minha querida, e Santa Rita de Cássia, querida da minha mãe), o cônsul foi gentil e educado. Segue o diálogo, +ou- pq não lembro direitinho:
Cônsul: Bom dia!
Pâmela: Bom dia! (com sorriso comedido)
C: Primeiro visto?
P: Sim.
(Ele começou a digitar e não parou mais.)
C: Já viajou para outro país?
P: Não.
C: Onde você vai ficar nos Estados Unidos?
P: Em Pearl River, Nova York.
C: Vai como turista?
P: Não, como au pair.
C: Ah, au pair... Do you speak English?
P: Yes.
C: Você trabalha?
P: Sim.
C: Onde?
P: Em um editora, como redatora.
C: Você estuda?
P: Não, me formei ano passado em Tradutor e Intérprete.
C: Qual faculdade?
P: Universidade São Judas Tadeu.
C: Você mora com quem?
P: Como? Não entendi...
C: Você mora com quem?
P: (Ai Jesus!!) Desculpa, não... ah sim, moro com meus pais e minha irmã.
C: O que os seus pais fazem?
P: Meu pai é supervisor de logística e almoxarifado e minha mãe é dona de casa.
C: Qual a renda mensal do seu pai?
P: Não lembro exatamente, mas é em torno de X reais. Quer que eu confira aqui na carteira?
C: Não precisa. Qual a sua renda?
P: Y reais.
C: Where have you learned English?
P: At college. (fiquei com preguiça de falar que fiz curso em escola de idiomas, depois aperfeiçoei na faculdade... tava louca pra acabar logo com aquilo! Não recomendo, ok?)
C: What have you studied?
P: (de novo??) Translation and Interpreting.
C: Just English or other languages too?
P: Only English.
C: So you had a lot of English classes, hã?
P: Yes, and Literature too.
C: Do you already have a family you'll stay with?
P: Yes.
C: What do they look like?
P: (Será que eu entendi a coisa certa???) They look really nice and have 2 children. We've been talking a lot by email and on skype.
C: Where will you live in United States?
P: Pearl River, New York.
C: Pearl River... I don't know this city. Where is it?
P: It's about 1 hour far from Manhattan.
C: Is it is around Long Island?
P: No, it's in Rockland County (pronunciado com t).
C: Ah... Rockland County (com o t pronunciado como r. Ok, minha pronúncia sucks, já sei). What do you intend to do when you come back to Brazil?
(Nisso, percebi que, em algum momento, ele já tinha colocado meus docs na caixinha. Yayyyy!)
P: I intend to apply to a master's program in Linguistics.
C: Where?
P: At Universidade de São Paulo or PUC. (só Deus sabe pq falei o nome todo de uma e a sigla da outra... tsc, tsc)
C: Quando você pretende retornar da sua viagem?
P: (Ai Deus, conto com o 13º mês ou não? Achei melhor não). Em 09 de julho de 2013, pois é um ano a partir de 09 de julho de 2012.
C: Esse tipo de visto só é válido por um ano, então será válido até maio de 2013. Mas acho que não vai ter problema, porque vai valer a data que a imigração colocar quando você entrar nos Estados Unidos. Seu visto foi concedido. Have a nice trip (e mais algumas coisas que, no auge da emoção, eu não prestei atenção).
P: Muito obrigada! Tenha um bom dia!
C: (Alguma resposta ao muito obrigada que eu também não prestei atenção...)
Foi isso gente!! Ele não pediu um documento sequer... tinha um português bom, o inglês não era difícil de entender... a panaquinha aqui é que estava mega nervosa!). Apesar de ter feito muitas perguntas, ele não me intimidou pois a postura e o tom de voz dele eram tranquilos, de quem está fazendo perguntas rotineiras mesmo. Ele digitou o tempo todo, olhou pra mim poucas vezes, só quando eu não entendi o que ele falou, quando fez o comentário sobre eu ter muitas aulas de inglês na facu e nas instruções finais.
Saí de lá anestesiada... na saída, vi a Jé lá na fila para entrar na salinha de aeroporto e fiz um sinal de joinha pra ela com um sorrisão no rosto. Fiquei lá fora esperando ela sair e ligando pra Deus e todo o mundo pra dar a notícia fantástica.
Agradecimentos especiais aos meus pais por madrugarem comigo, Jé pela companhia, pai da Jé pela carona, namorado, amigas e irmãs por suportarem a ansiedade da pessoa aqui...
Conselhos
Preencha o DS160 com cuidado e sem pressa;
Confira tudo o máximo de vezes que puder;
Se possível, agende para um horário cedinho. Eles sempre chamam em blocos de meia hora, então o primeiro bloco é toda a galera de 7h às 7h30 por ordem de chegada;
Leve todos os documentos possíveis e imagináveis e deixe-os bem organizados, de forma que quando forem pedidos, você não vai ficar que nem louca desmontando a pasta para encontrar o bendito;
Saia com bastante antecedência. Se vc acha que chega em 1 hora tranquilamente, considere que são 2 horas. É muito melhor ficar esperando lá do que correr o risco de chegar atrasada e perder a viagem;
Vista roupas e sapatos confortáveis, porém apresentáveis. Arrume o cabelo e use uma maquiagem bem light;
Pareça tranquila e confiante. Seja simpática, sorria sem ser espalhafatosa, fale somente o necessário e tenha firmeza naquilo que diz.